Dijck, J.V., Poell, T.
(2013). Understanding Social Media Logic. Media
and Communication, I (1), 2-14.
O
artigo em apreciação neste trabalho, “Understanding Social Media Logic”, da
autoria de Dijck e Poell, foi publicado a 12 de agosto de 2013 na revista Media and Communication.
Os
autores mencionados, procuraram através deste artigo entender a natureza dos
processos de comunicação e informação das redes e a sua influência na vida
social.
Poell,
professor na Universidade de Amesterdão, na área dos Novos Media e Cultura
Digital, tem focado a sua investigação nos Media Sociais e na transformação das
diversas formas de comunicação. Dijck, também professora na Universidade de
Amesterdão, tem-se debruçado sobre estudos comparativos na área dos novos
media.
Ambos
os autores, contribuem neste artigo para uma melhor compreensão sobre os
processos envolvidos nas redes e os seus efeitos na sociedade atual.
O
artigo científico supramencionado, procura analisar os efeitos dos Media
Sociais na sociedade, assim como abordar um conjunto de aspetos que se
apresentam necessários para uma adequada reflexão e entendimento sobre o
conceito e as transformações que o mesmo tem sofrido ao longo dos tempos.
Na
última década, os Media Sociais têm influenciado profundamente o dia-a-dia das
pessoas, desencadeando uma alteração de paradigma no que diz respeito às formas
de interação social, sobretudo no que diz respeito a interações sociais de
caráter informal.
Os
autores, Dijck e Poell, basearam o seu artigo sobretudo em dois autores, David
Altheide e Robert Snow. Estes autores procuraram enquadrar os Media Sociais,
num quadro teórico, caraterizado por um conjunto de princípios que “invadem” e “dominam”
as estruturas das organizações e as diversas áreas da vida pública. Para os referidos
autores, analisar o conceito de Media Sociais implica ter como ponto de referência
a dinâmica entre, as plataformas de utilização, os utilizadores, as
instituições e os mass media. Como suporte a esta dinâmica encontram-se as
normas, as estratégias, os mecanismos e também a economia. Esta dinâmica, chama
à atenção para o ponto a que os autores (Dijck e Poell, 2013) pretendem chegar
– a Teoria dos Media Logic.
Segundo
David Altheide e Robert Snow (1979), na sociedade contemporânea, toda e
qualquer instituição faz parte de uma cultura de mass media intrinsecamente
interligada, evidenciando-se uma forte influência e transformação nessas mesmas
instituições.
Os
media sociais pela componente fortíssima de influencia no dia-a-dia de cada
individuo, numa abordagem de ligação e interligação em rede, devem ser
entendidos de forma diferenciada dos mass media. Esta diferença, se assim se
pode dizer, reside em diferentes tecnologias e em diferentes aspetos
económicos.
A
Teoria dos Media Logic tem possibilitado compreender a disseminação dos media
para além das barreiras institucionais, através de quatro princípios e
conceitos essenciais: programmability, popularity, connectivity e datafication.
Estes
princípios, colocam em relação a lógica da comunicação em massa e de como esta
cada vez mais invade todas as áreas da vida pública, como por exemplo a área política,
social, económica, entre outros. Em análise, estes princípios são fulcrais para
o entendimento de como numa sociedade em rede as interações sociais são
mediatizadas através de uma dinâmica entre os mass media, as plataformas
sociais e os processos institucionais.
Os
princípios, os mecanismos e as estratégias relacionadas com a Teoria dos Media
Logic, assentam na perspetiva da interação social, que constitui uma teia de relacionamentos
transformadores, com base nos processos, princípios, práticas e formas como as
plataformas processam as informações.
Por
outro lado, estes princípios permitem perceber como os media sociais estão
intrinsecamente ligados aos mass media.
No
que concerne ao princípio de Programmability, segundo David Altheide e Robert
Snow, este refere-se à tecnologia e à cultura, ao trabalho realizado com os
conteúdos de informação, com o objetivo de manipular as audiências. Refere-se
assim, a uma estratégia editorial, com base em estratégias publicitárias, nas
relações humanas e no ativismo social.
O
princípio de Popularity, relaciona-se com a capacidade de medir a popularidade
e simultaneamente com a capacidade de influenciar ou manipular informações.
Neste sentido os media logic e os mass media, através da sua manipulação, levam
à definição da popularidade de assuntos, acontecimentos e pessoas.
Falar
de Connectivity, para os autores acima mencionados, é falar de como as
plataformas sociais se interligam, num ecossistema no qual convergem os
utilizadores. Neste sentido, fala-se de uma abordagem sociológica das redes. Os
sociólogos Barry Wellman e col. consideraram que as novas tecnologias dos
media, revestem-se de um importante incremento na socialização e no
relacionamento humano – Networked individualism.
O
princípio de Datafication, de acordo com Viktor Mayer-Schoenberger e Kenneth
Cukier, refere-se à capacidade das redes “traduzirem” diversos aspetos da
sociedade de forma a dar-lhes forma e a quantifica-los. Este princípio permite
dotar os media sociais de potencialidades para desenvolver técnicas no sentido
de possibilitar a previsibilidade dos acontecimentos e a análise dos mesmos em
tempo real.
A
interação entre os princípios mencionados, tem uma profunda implicação na
modelação social, pelo que a Teoria dos Media Logic, estudada por Altheide e
Snow em 1979, adquire na contemporaneidade relevância na análise das ligações/
interações sociais e de como estas estão implicadas nas redes.
Outros
autores têm sido essenciais na compreensão do fenómeno dos Media Sociais, na
subjacente teia de interação social e nas implicações nos mais diversos
domínios da sociedade, designadamente no domínio político.
A
Teoria dos Media, ou a mediatização, tem sido ao longo das últimas décadas um
fortíssimo agente de mudança social e cultural.
Segundo
Hjarvard[1], a
mediatização é um processo de dupla face que implica o incremento da sociedade,
no qual por um lado os media emergem como uma instituição independente, com uma
lógica muito própria e por outro lado, tornam-se simultaneamente uma parte
integrante de outras instituições como a politica, a família, o trabalho e a
religião. Para este autor, estaremos certamente perante um conceito importante
na Sociologia Moderna, o qual foi destacado por Castells (2001) referindo-se à
discussão entre a internet as redes sociais como uma forma de integrar a
perspetiva dos media na teoria sociológica. A mediatização é um processo social,
o qual emana da relação entre o estudo dos media e da sociologia, como um
conceito teórico que se tornou cada vez mais necessário e presente.
Outro
autor que se tem debruçado sobre este tema e que por essa via a sua análise é
um importante contributo é Landerer (2013)[2],
sobretudo no que diz respeito ao contributo da mediatização para a democracia e
para a política. Estes autores têm-se debruçado sobre o impacto da mediatização
da política na democracia e nos seus valores subjacentes.
Assim,
é essencial explorar os mecanismos implícitos entre o sistema político e o
sistema dos media, bem como os efeitos dai resultantes na sociedade
contemporânea.
Em
conclusão, este artigo científico permite-nos analisar de forma mais profunda
os aspetos relacionados com a Teoria da Mediatização, bem como a sua relevância
para a sociedade atual. Na realidade a mediatização enquanto conceito parece
cada vez mais definir-se como algo fulcral nos sistemas socias complexos, quer
seja a nível económico, politico, cultural, quer seja ao nível das relações
entre os dispositivos e os processos de comunicação.
Mais
do que falar de tecnologia, importa falar do conjunto de relações entre processos
sociais e processos de comunicação, de forma dialética entre a objetivação e
subjetivação.
A
mediatização assume uma importante influência na construção social da realidade
e das suas representações. É inegável o efeito globalizador e transformador dos
media, na sociedade, nas relações sociais e interpessoais. Os media sociais
passaram a ocupar um lugar estratégico, redesenhando a subjetividade de cada
individuo, das identidades, da cultura e da sociedade em geral, onde todos
fazem parte integrante e integrativa de uma teia social implicada num novo contexto
espacio-temporal.
Parece-me
importante salientar que a Teoria dos Media procura dar respostas e fomentar a
construção de explicações inerentes ao comportamento dos indivíduos na
sociedade atual, através das redes em que estes estão envolvidos. Por outro
lado, a estruturação das redes por meio da análise das interações entre os indivíduos
em consonância com as suas motivações, contribui igualmente para uma análise sociológica
do comportamento da sociedade atual. Assim é essencial analisarmos os sistemas
de relações que se desenvolvem entre os indivíduos, as instituições e as
diversas áreas da sociedade.
Atualmente
os media sociais são meios e veículos de comunicação e interação, que remetem para
uma linguagem simbólica muito própria, para limites culturais e para relações
de poder.
Têm
surgido nos últimos tempos, padrões organizacionais, que se exprimem através de
relações. Relações essas que remetem para aspetos intrínsecos às interações sociais,
politicas e económicas. Trata-se certamente de novas formas de pensar e de
conceptualizar a realidade social e contemporânea.
A
análise e estudo dos efeitos dos media sociais possibilita uma compreensão em
perspetiva, das relações entre os indivíduos. Permite ainda um mapeamento da
sua conetividade, coesão e frequência de interações, contribuindo para a
descodificação da complexidade da estrutura social.
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